26º Salão Anapolino de Arte inaugura mostra itinerante no Centro Cultural da UFG

Evento de abertura acontece nesta sexta, 3, a partir das 19h. Nesta edição são apresentados, exclusivamente, trabalhos de artistas goianos

Foto: Divulgação

O Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) recebe até 6 de abril a mostra do 26º Salão Anapolino de Arte. O evento de abertura acontece nesta sexta-feira, 3, a partir das 19h. Realização da Prefeitura de Anápolis e Associação Amigos da Galeria Antônio Sibasolly, a exposição reúne trabalhos de 12 artistas goianos e também apresenta obras do artista convidado Luiz Mauro, que tem seu nome marcado na história da arte regional. Esta é a segunda edição itinerante do Salão Anapolino em parceria com o CCUFG.

Nas salas de exposição, o visitante vai passear em meio a instalações, vídeos, fotografias, objetos e desenhos em um formato mais enxuto e priorizando a arte contemporânea produzida em Goiás. O evento, que conta com recursos do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás (FAC Goiás), está organizado em duas modalidades: Goiás e Fomento à Produção Anapolina.

Os artistas que integram a mostra são André Felipe Cardoso (Prêmio Mostra Goiás), Bicha Branca da Mata, Coletivo Maskarada, Glayson Arcanjo, Isabella Brito (Prêmio Fomento à Produção Anapolina), Kassius Bruno, Matheus Pires, Manuela Costa Silva (Prêmio Mostra Goiás), Rafael de Almeida, Raquel Rocha, Rondinelli Linhares e Tatiana Susano (Prêmio Fomento à Produção Anapolina).

O curador Paulo Henrique Silva disse que o processo curatorial se orientou a partir da escolha de artistas que, de alguma forma, seja por meio de suas narrativas poéticas ou pela própria fatura de suas obras, apresentassem trabalhos capazes de abordar questões eminentes aos desafios de sobreviver às imposições institucionais e mercadológicas.

As obras refletem uma vontade de contar histórias e explorar o repertório visual das fazendas abandonadas e lugares esquecidos dos interiores de Goiás antes da eletricidade e do asfalto. Assim surgiram “Marimbondos” e “Hóspede”, trabalhos da anapolina Isabella Brito que remetem à sua memória pessoal. Em “Marimbondos”, a artista revisita um quarto escuro com uma cama de casal pertencente aos seus avós.

No segundo, uma mala de viagem de mais de um século guarda em seu interior pedaços de cupinzeiros abandonados. Uma cápsula do tempo, oferece a ruína e a contaminação. “Ambos rememoram o tempo e as marcas que ele deixa em tudo e todos durante sua passagem, junto com as pragas, como símbolos de destruição e descuido, uma maneira de pensar a fragilidade e o acaso como pontos de inflexão nas tragédias pessoais”, analisa a artista.

O tempo também é a matéria-prima do fazer artístico de André Felipe Cardoso. O artista apresenta cinco trabalhos inéditos no 26° Salão Anapolino de Arte, todos produzidos no ano de 2022 em diversos contextos e refletem sobre suas relações com o Cerrado, as possibilidades de repensar objetos encontrados nas andanças que faz, utilizando técnicas antigas de cestaria que compõem sua ancestralidade norte-goiana quilombola.

As memórias, os vínculos, o esquecimento, as paisagens e as mudanças são evocadas em colagens, instalações, apropriações, ações e produção de objetos. “Em minhas narrativas, O presente e o passado se interligam gerando ressignificações das experiências vividas e das histórias herdadas, redefinindo espaços e interações”, afirma André Felipe.

Lembranças e sonhos
Tatiana Susano compõe, junto com Isabella Brito e Rondinelli Linhares, o núcleo anapolino do Salão desse ano. A artista traz para reflexão um dos temas que mais tem preocupado a humanidade: a relação entre sociedade e meio ambiente. A instalação “Máquina de ar” questiona a maneira como a produção de alimentos, em especial a carne bovina, altera a paisagem. “A composição foi pensada de maneira a formar uma linha do horizonte onde é possível avistar dez possíveis Brasis completamente devastados pelo fogo”, conta Susano.

Em “Objetos nº 6, 7, 8, 9 e 10”, ela resgatou sua relação com a marcenaria, que tomou contato quando bem jovem, por volta dos 12 anos de idade. “As ótimas lembranças acabaram motivando a criação de uma série de objetos que instigam o fruidor, através do estranhamento que eles provocam, a procurar seu próprio sentido ou dizer o que são e o que significam. Eles chegam para mim como exercício pleno na imaginação e do inconsciente, um culto às formas”.

A quarta premiada nessa edição é Manuela Costa Silva, jovem artista multimídia, que busca recuperar, acessar e atualizar os símbolos, mitos e arquétipos primordiais do inconsciente pessoal e coletivo para compor sua narrativa discursiva e tensionar intersecções entre a criação, a morte, a cura, o sagrado, o selvagem, o gênero e a espiritualidade.

“Meu fazer artístico nasce das experiências interiores. A pesquisa consiste na investigação, absorção e metabolização em artes visuais, dos conteúdos psíquicos pessoais e coletivos, que alinham o macro ao micro, o exterior ao interior, o natural ao sobrenatural”, analisa.

Abertura da mostra itinerante do 26º Salão Anapolino de Arte
Data: 3 de março
Horário: 19h
Local: Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) – Av. Universitária, 1533 – Setor Leste Universitário
Visitação: até 6 de abril – segunda a sexta – das 9h às 12h e das 14h às 17h

Artistas participantes:
André Felipe Cardoso (Premiado)
Bicha Branca da Mata
Coletivo Maskarada
Glayson Arcanjo
Isabella Brito (Premiada)
Kassius Bruno
Matheus Pires
Manuela Costa Silva (Premiada)
Rafael de Almeida
Raquel Rocha
Rondinelli Linhares
Tatiana Susano (Premiada)

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